Mas antes de irmos almoçar fui (com o Zé, claro) revisitar alguns dos lugares ligados às minhas memórias de infância e juventude.
Estacionámos o carro no Largo da Sapataria, onde se situa a última casa que o meu pai alugou e que nós (irmãos) mantivemos até alguns anos depois da sua morte. Esta casa faz parte de um conjunto de edifícios que foram uma casa senhorial (tem brasão sobre o portão de entrada).
Actualmente está desabitada e tem um ar abandonado,
diferente da casa bonita e agradável que era (por dentro e por fora) quando a tínhamos alugada, e onde a Clara e a Ana ainda brincaram
Fomos depois ao Lugar dos Galegos. O antigo caminho é agora uma movimentada estrada que, a partir da Quinta da Menina Jacinta, está toda ladeada de vivendas.
Era naquela quinta, que como referi já nas "Memórias" íamos comprar leite e fruta. Hoje está na mesma e habitada pelos filhos da então proprietária.
Já o lugar dos Galegos está irreconhecível. No Largo onde se situava a nossa casa apenas se reconhece a casa do Sr. João Novo e, ainda no caminho, também se mantêm a casa do Sr Domingos (pai do Sr. Joaquim do talho), embora com um ar mais decrépitoe a casa do Sr. António Miguel, onde também íamos comprar leite e as maçãs reinetas como relembrei anteriormente nas "Memórias.
Já não há acesso ao pinhal mas ainda fotografei o eucaliptal que ficava por detrás do quintal da nossa casa, o sítio da eira e as silvas (que lá continuam) no meio das quais a Linda caíu, como também recordei nas "Memórias"
O que encontrei igual (embora com um grande ar de abandono) foi o poço e a bomba com que se tirava a água. Na foto vê-se veja parte de um tractor, quando então só havia carros de bois ou burro.
Os dois grandes tanques para lavar a roupa que então existiam foram remodelados e cobertos
Da "cazeta" (habitação da funcionária da CP), nada resta. Apenas, antes de chegar à passagem de nível, que já não existe) se mantem o poço (agora tapado) e o pequeno tanque onde eu ainda tomei algumas banhocas, antes de o meu pai ter melhorador a casa de banho na "nossa" casa, e instalado um chuveiro na mesma.
Mas a linha (do comboio-linha do Oeste)lá está. Para o lado sul, a caminho do túnel, sobre o qual se situa a Guia, continua a subir o caminho onde íamos apanhar pinhões dos os pinheiros que o ladeavam e que lá continuam. Antes destes ficava a figueira onde todos os dias (no mês de Setembro) íamos apanhar figos para o pequeno almoço.
Em sentido contrário( ou seja em direcção à Sapataria), segue a linha onde ao fundo, na curva, eu avistava o meu pai da janela do 1º andar da "nossa" casa, quando ele chegava na "automotora das 3", todos os sábados
Nesta foto avista-se a Moita, e um conjunto de habitações que, conjuntamente com "uma modernaça urbanização" que fica entre o Café do Armandino e a estrada principal, e ainda outra situada antes do Casal Novo, descaracterizam a aldeia.
Mais ao fundo ainda avistam-se uns horrorosos barracões, que ficam para além da Várzea,
paisagem bem diferente daquela que se avistava quando passavamos as férias nos Galegos, ou mesmo anos depois, como esta foto, de 1973, bem evidencia
Mas o caminho do Largo da Sapataria para Igreja (e e toda zona) continua igual
Nesta foto, ao fundo, avista-se um moinho aonde, já adulta e quando íamos para a casa do Largo da Sapataria, me recordo de ter ido fui apanhar caracois com o meu pai.
Passámos ainda pela "Casa do Vigarista", casarão (agora também muito degradado) situado na estrada, já na saída sul da Sapataria, onde se realizavam os bailes (animados pelo acordeão do João Manuel)a que eu ia com a Maria Odília e mãe e onde eu me diverti primeiro, quando era mais pequena, a ver os pares dansar e depois, já adolescente onde também dansei. Nessa altura ia com a minha amiga Isabel que, durante alguns anos da nossa adolescência ia passar uma ou duas semanas a "nossa" casa, quando estávamos nos Galegos .
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHYfHWSoXVxJZQuiazFde-4Y3oWbTOVdtHCaxqWMPyLOIMbMgsKhAKIFttR95tqsh9N6CaX7fEy53wUQ3BcJsKkhtQAWJ0OuQtz4oLoqJJAOH4H5eeFOY2C1EUtbT1qJQkfskwugk4Z3Xz/s400/Fotos-0154.jpg)
Era muito engraçado de observar: os rapazes de um lado (com o chapéu a substituír o boné dos dias de trabalho no campo), e as raparigas (acompanhadas das mães) no outro. Quando começava "a moda" (era assim que se dizia), os rapazes fixavam a rapariga com quem pretendiam dansar e faziam rodopiar o anelar da mão direita. E conforme elas desviavam o olhar, ou não, eles ou procuravam outro par ou dirigiam-se à rapariga.
Quando eu era mais pequena adorava ver a Carminda (que eu achava a rapariga mais bonita do baile) a rodopiar nos baraços do seu par.
Também adorava ir aos bailes das festas de Agosto que se iam realizando nas diversas aldeias. Lembro-me concretamente de ir aos bailes da Sarreira e de um dia em que ia a subir pelo caminho que se vê na foto da linha do comboio do lado do túnel, com um vestido branco de barras vermelhas às bolinhas brancas, com um aro de arame, como então se usava!
E depois os regressos dos bailes eram muito animados. Lá vínhamos de madrugada, aos magotes (não muito numerosos, de facto), rindo e divertindo-nos. Lembro-me de um regresso da "Casa do Vigarista" às 4 da manhã, a passarmos ao lado do cemitério muito divertidos a brincar com esse facto. Um dos membros do grupo era o Armandino, de quem recordo bem o cachecol vermelho que ele trazia ao pescoço...
Em frente do "Estaminé", estabelecimento que ainda hoje se mantém com os mesmos donos, aonde eu ia jogar matraquilhos com a minha amiga Isabel, lá está o poço com roldana, onde eu sempre lavava o meu pullover amarelo que ficava cheio de óleo em resultado do entusiasmo que eu punha naqueles confrontos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKWfQrKMun2sCkAFncsEls9sCfRYmGltTwzkkC5tF1zTpc3DbkXomca9R3h_2NPxRhyphenhyphen2_JMvw2sOWNqPFJvpHbZXDcUktp-T4jXgL1FEQd_o9O25d_N-4ZPOS-_kK5If3Si06LBkMwLNfm/s400/Fotos-0156.jpg)
Depois do agradável almoço em casa (aliás no terraço) da Maria Helena, fomos beber o café a um restaurante construído na estrada a caminho do "Rabo do Gato", casal que fica a seguir à Várzea.
Antes, e de passagem pela Moita, a Maria Helena foi comprar queijos de ovelha à Aida, a filha mais velha do Sr Fernando "pastor", que era minha vizinha nos Galegos e minha companheira de brincadeiras. A Aida casou com o Mário, neto mais novo da Sra. Emilia, a funcionária da CP que vivia na caseta dos Galegos, e eles mantiveram o rebanho do Sr. Fernando.
Também encontrei a Maria José, irmã (mais nova) da Aida , que veio a casar com o João Manuel, o acordeonista que atrás referi, que animava os bailes da Sapataria e arredores.
Mesmo à frente do agradável restaurante a que fomos beber o café lá está (muito bem conservado) o "poço do casal" aonde, para além da "mina", íamos buscar água para beber, quando passávamos as férias na Várzea.
Ao fundo avista-se o casal da Várzea, onde podemos ver (ao centro do aglomerado das casas visíveis, e que são todas as do Casal) a casa em que passámos as férias (remodelada pelo actual proprietário).
Ainda mais ao fundo, à direita, vê-se o moínho da Várzea, hoje em ruínas, como se pode constatar, como aliás a maioria dos moínhos da zona (que moíam os grãos de trigo e milho), hoje substituídos pelas torres eólicas (geradores de electricidade).´