Ainda hoje hoje ouvi que na África do Sul existem, por todo o lado, pequenos museus que preservam a memória do sistema de "apartheit" que vigorou naquele país. Isto a propósito de em Portugal não haver qualquer preocupação com a preservação das memórias dos ex-combatentes sobre a guerra colonial que impusemos e sofremos de 1961 a 1974, e que se traduziu em tantas mortes e sofrimento, (que ainda hoje ainda se mantem em tantos deles), quer pelo que sofreram quer pelos sofrimentos que infligiram.
E agora acabo de ver num programa da SIC, (Histórias com gente dentro") o testemunho de um resistente ao regime político que vigorou até 1974, sobre as torturas a que foi sujeito durante 31 dias após a sua prisão em 1972 (já, portanto quando o Presidente do Conselho era Marcelo Caetano). E ele dizia que, para bem do nosso futuro colectivo, não se podia perder a memória sobre as torturas que a polícia política infligia (não eram estas as palavras mas julgo que seria este o sentido).
E, realmente, quem são os jovens que conhecem esta nossa história tão recente? O que é que existe no nosso sistema educativo que os (in)forme?
E quão perigosa é esta ignorância, principalmente em tempo de crise e desilusão como o que estamos a viver.