quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Partilha e amor - Episódios familiares

A propósito da conversa (via mail) que tive com a Ana sobre a partilha das calças de Ski entre ela e o Pedro, lembrei-me de um outro episódio de partilha contado por minha mãe. O meu tio Alexandre(irmão mais velho de minha mãe), partilhou em dada altura um par de botas com um seu colega de Faculdade;um dia era um que calçava as botas e ia às aulas, no outro dia era o outro.

Força de vontade face às dificuldades (hoje dificeis de imaginar....)e também verdadeiro espírito de solidariedade!

E depois de tanto esforço viu a sua vida de professor liceal interrompida por ser oposiocionista ao regime ditatorial de então, tendo sido expulso do ensino oficial e sofrido, ainda, o encerramento do Colégio que, entretanto e como alternativa, fundara. Só depois de ter estado a leccionar vários anos em Angola,veio a ser readmitido no ensino oficial em Portugal!

E por associação de ideias lembrei-me de outro episódio (este de algum modo caricato), contado por minha mãe, desta vez a propósito de outro familiar, o meu bisavô materno, que ilustra outras facetas de personalidade de familiares meus. Desta vez a generosidade associada a um certo desiquilíbrio mental daquele meu ascendente.

Um dia chegou a casa descalço. A minha bisavó, perplexa, questionou-o: "Oh homem, vens descalço! O que aconteceu? Resposta: "Então, encontrei um pobre sem botas, dei-lhe as que trazia, pois tenho mais..."

Por episódios familiares, lembrei-me de outro, que também teve como intervenientes aquelas mesmos meus bisavós.

A minha bisavó tinha 18 anos quando começou a namorar o meu bisavô, viúvo, com cerca de várias filha, quatro ou cinco, salvo erro, e fama de gastador (o que se veio a confirmar, pois logo no regresso da lua de mel em Espanha, a minha avó já não trazia as jóias que levara para a viagem).

Naquela situação, os pais opunham-se ao namoro que ela continuava às escondidas. E o episódio que a minha mãe contava é que a minha bisavó, para não ser descoberta (seria por qualquer outra razão?), engolia os bocadinhos em que cortava as cartas do namorado, que o seu irmão,conivente,lhe trazia às escondidas.