quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Adendas ..memórias 9

No largo do Galegos...estou a ver o sr.José Novo, para mim o venerável e respeitado ancião..era realmente a pessoa mais idosa do lugar..lembro-me dele sempre sentado num banco feito de laje ao lado da porta de sua casa…com um grande barrete preto típico da zona saloia…A filha Aurélia que vivia em frente tinha 3 filhos:o Diamantino , o Amândio e mais tarde veio a Urbalina!
Em frente da nossa modesta sim, mas também linda para mim linda de morrer, vivia outro casal …ele sr João e ela menina Maria de quem eu gostava muito por ser uma pessoa muito alegre e viva!
Do outro lado do caminho , junto ao poço com a bomba onde íamos buscar a água ,e dos tanques onde ajudava a minha avó a lavar a roupa(uns lencinhos que a avó me entregava ) e onde eu tomava banho,e os tanque para os animais beberem , dizia eu que nesse local morava o sr, Joaquim…ou Jacinto não estou certa…que era o senhor do talho.
A casa dos galegos dos avós foi e sempre será , para mim , a casa mais linda ….
Passados quarenta e muitos anos consegui adquirir uma substituição dessa casa que me deixou tão ternas recoradções…pois a escolha da dita casa de campo foi totalmente influenciada pelo modelo dos Galegos…E sem sequer ter consciencia disso acabei por aqui e ali decorar à semelhança tanto quanto possível da casinha da minha infância!..uma das coisas de que senti imensa pena foi não ter portas com aqueles fechos de ferro que se garregava com o dedo numa esécie de patilha!Em compensação enchi a prateleira da minha lareira com vários modelos de candeeiros a petróleo..que era outro dos meus fascínios..Quando chegava a hora da avó mandar as tias acender os candeeiros…aquele ritual…aquele cheiro…e que desgosto tive quando o Avô mandou instalar a electricidade…
Na cozinha da Avó também havia os tais “naperons”recortados em papel mas colocados nos terminais das prateleiras e chaminé a fazer de folho...gostava muito da altura em que a Avó achava que tinham de ser substituídos e as tias os faziam…
No quintal o Avô colocou alguma árvores de fruto. ..muito raquíticas mas lembro-me muito bem de uma pequena pereira que davam umas enormes peras francesa…a primeira da qual a Avó todos os anos guardava religiosamente em cima do tal armário do naperon e jarro verdes, que tinha ao fundo da casa de jantar, para oferecer ao meu pai que fazia anos a 5 de Agosto!
E lá em cima …quando íamos a subir as escadas já vinha um perfume inesquecível das tais maçãs reinetas e de outras raiadas a vermelho !
Por fim chego aos tais banquinhos de pedra junto às janelas de guilhotina dos quartos ..para mim local previlegiado de toda a casa..local em que espraiava a vista por todo aquele infinito que me levava até aos montes que separavam a Sapataria da Várzea..local em que via ao fim do dia , o sr.Fernando passar com o seu rebanho de volta a casa…local onde ficava muito juntinho às andorinhas que volteavam nos seus voos do entardecer e vinham alimentar as suas crias nos ninhos mesmo por cima da minha cabeça…nos anos em que os avós se esqueciam de caiar a casa …Aqueles banquinhos junto àquelas janelas de guilhotina foi o local que mais me marcou em toda a minha vida!