Associado ao candeeiro de petróleo tenho bem presente um episódio passado quando eu teria os meus 10 anos.
A nossa mãe teve que ir a Lisboa e nós ficámos sozinhas, com o nosso sobrinho Rodrigo.
Nessa noite, depois de nos deitarmos, começámos a ouvir um forte e sincopado ruído, que parecia pontapés numa porta. Calculámos que fosse o Rodrigo a bater com os pés nas tábuas de madeira que ladeavam o sítio em que ele dormia, no quarto contíguo. E lá fomos nós de candeeiro de petróleo acesso, verificar. Mas ele dormia profunda e sossegadamente. Então fomos revistar todas as divisões e cantos da casa, enquanto a Linda dizia “Se for um ladrão, atiro-lhe com o candeeiro para cima”. Aí, eu aterrorizada, não pelo risco ladrão nos fazer, eventualmente, mal, mas por o ver já a arder envolto em chamas, lá a seguia desejando, ardente e aflitivamente, não encontrar ninguém. Quando voltámos ao 1º andar, depois da ronda feita e sem encontrar qualquer ladrão nem a causa do ruído, voltámo-lo a ouvir e, nessa altura confirmámos a nossa ideia inicial. Era o sr. Rodrigo, que embora adormecido, dava pontapés na parede!
E lá me fui deitar descansada e, também, aliviada por a minha irmã não ter morto ninguém naquela noite!